Seca no Iraque revela palácio de 3.400 anos

Seca no Iraque revela palácio de 3.400 anos

Seca no Iraque revela palácio de 3.400 anos

Uma equipe de arqueólogos alemães e curdos descobriu um palácio de aproximadamente 3.400 anos que pertencia ao misterioso Império Mitani, anunciou a Universidade de Tübingen, na Alemanha, na quinta-feira (27/06).

Recuo da água na represa de Mossul possibilita descoberta de palácio do Império Mitani

A descoberta foi possível somente graças a uma seca que reduziu significativamente os níveis de água no reservatório da represa de Mossul, no extremo norte do Iraque. A barragem de Mossul, que segura as águas do rio Tigre, é a maior do Iraque – e quarta maior do Oriente Médio – e tem como objetivo gerar energia hidrelétrica e proporcionar água para a irrigação no planalto.

“Trata-se de uma das descobertas arqueológicas mais importantes da região nas últimas décadas e ilustra o sucesso da cooperação curda-alemã”, disse Hasan Ahmed Qasim, arqueólogo curdo da Diretoria de Antiguidades de Duhok, que participou dos trabalhos no local. A cidade de Duhok fica ao norte da represa, enquanto Mossul está localizada ao sul.

No ano passado, a equipe de arqueólogos iniciou uma evacuação emergencial de resgate das ruínas quando as águas recuadas revelaram o monumento nas antigas margens do rio Tigre. As ruínas fazem parte de apenas um punhado descoberto do Império Mitani.

“O Império Mitani é um dos impérios menos pesquisados do Antigo Oriente Próximo [termo usado por arqueólogos para se referir à região que engloba a Anatólia, o Levante, o Egito, a Mesopotâmia e, ocasionalmente, o Transcaucásia]”, disse a arqueóloga Ivana Puljiz, da Universidade de Tübingen. “Até mesmo a capital do Império Mitani nunca foi identificada.”

“Sensação arqueológica”

A equipe teve pouco tempo de sobra enquanto os níveis de água voltaram a subir, eventualmente submergindo novamente as ruínas. Ao menos dez tabuletas cuneiformes de argila foram descobertas dentro do palácio.

“Também encontramos restos de tintas de parede em tons brilhantes de vermelho e azul”, contou Puljiz. “No segundo milênio a.C., os murais eram provavelmente uma característica típica dos palácios no Antigo Oriente Próximo, mas raramente os encontramos preservados. Descobrir pinturas murais em Kemune [local da descoberta] é uma sensação arqueológica.”

Uma equipe de pesquisadores na Alemanha tentará agora interpretar as tabuletas cuneiformes. Eles esperam que as peças de argila revelem mais sobre o Império Mitani, um reino do povo hurrita que chegou a dominar partes do que hoje é o sudeste da Turquia, o nordeste da Síria e o norte do Iraque.

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