Quadro ancestral de 1895 pode revelar mistério de navio ‘fantasma’ que encalhou em SP
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Quadro ancestral de 1895 pode revelar mistério de navio ‘fantasma’ que encalhou em SP

Quadro ancestral de 1895 pode revelar mistério de navio ‘fantasma’ que encalhou em SP

Quadro pintado por Benedito Calixto pode ser prova definitiva de que navio que surgiu em Santos seja o veleiro inglês Krestel.

Novas pistas encontradas em um quadro do famoso pintor Benedito Calixto trouxeram à tona diferentes hipóteses sobre os destroços do navio misterioso encalhado na praia em Embaré, em Santos, no litoral de São Paulo. Com as evidências encontradas, o jornalista e memorialista Sergio Willians chegou à conclusão de que a embarcação, de fato, se trata do navio inglês Kestrel, que sofreu um acidente em 1895.

Neste ano, quando os destroços voltaram a ganhar espaço no imaginário santista, o jornalista teve sua curiosidade despertada e decidiu se aprofundar na história. Ele se lembrou de um quadro de um veleiro enterrado na areia, pintado por Calixto, e o encontrou cadastrado erroneamente como ‘O Encalhe do Veleiro Caldbeck em Praia Grande’.

“O quadro não retrata Praia Grande, não é a geografia da cidade. Pesquisando sobre o Caldbeck encontrei outro quadro de Calixto, esse sim retratando de fato o navio mencionado no cadastro. Comparando os dois desenhos, vemos que os locais e os navios são diferentes. Olhando a primeira pintura, dá para perceber que é Santos”.

De acordo com o jornalista, o segundo quadro encontrado é claramente Praia Grande, pois é possível ver a Ponta de Itaipú à esquerda, que é o único acidente geográfico visível na cidade. O lado direito é formado apenas por praia. Já no primeiro quadro, Calixto desenhou a Ponta de Itaipú à direita e bem adentro do mar, o que só ocorre na visão da Baía de Santos.


“Olhando para a imagem, também conseguimos ver dois morrinhos e tudo indica que sejam a Ilha de Urubuqueçaba e a Ilha Porchat. Além disso, o navio do primeiro quadro aparenta ser o Kestrel por causa do tamanho, por ser um veleiro de três mastros e pela posição que encalhou, com a proa voltada para São Vicente e a popa voltada para a entrada do canal”.

Quadro de Benedicto Calixto mostra embarcação encalhada na praia de Santos, SP — Foto: Divulgação

Willians aproveitou suas pesquisas para descartar, em sua teoria, de que os destroços encontrados no Embaré sejam do Nanny, pois esta era uma embarcação bem maior, com quatro mastros, e encalhou próximo à boca dos dois rios, que hoje é na altura do canal 3. De acordo com ele, todas as evidências levam a crer que o navio misterioso seja o Kestrel.

“São muitas pistas para a gente simplesmente desprezar. Então, pelas evidências de tamanho e posição, acredito que seja o Kestrel. Outra evidência está no ano em que Calixto pintou o quadro, que coincide com o acidente do navio inglês. Não podemos afirmar, porque não temos bases documentais plenas, mas é uma forte hipótese”.

Sinistro
O veleiro inglês Kestrel encalhou nas praias do Boqueirão, trecho conhecido atualmente como praia do Embaré, em 11 de fevereiro de 1895. Segundo o jornalista, relatos da época apontam, que a embarcação estava à deriva da Baía de Santos com três tripulantes, quando sofreu um acidente devido a uma forte tempestade. Para Willians, a versão oficial é ‘muito esquisita’.

“Onde estava o resto da tripulação? E o comandante, piloto? Os relatos apontam que eles estavam em terra, mas isso não faz sentido. Além disso, o trio teria recusado socorro do rebocador do porto. Quando o navio estava na areia, um dos marinheiros foi encontrado sentado no convés, feliz da vida, com cara de missão cumprida”.

Willians acredita que os tripulantes encalharam o navio de propósito, forjando o acidente, provavelmente para conseguir o dinheiro de um suposto seguro. Ele explica que, na época, os veleiros não valiam mais a pena, porque começaram a surgir as embarcações à vapor, com mais capacidade de carga.

“Eles devem ter investido muito dinheiro no Kestrel e é provável que tenham feito um belo seguro. Acredito que previram a chegada da tempestade e aproveitaram para detonar o navio e, depois, comprar um a vapor”, diz o jornalista. “Mistérios ajudam a cidade a ter uma relação mais afetiva com a história. Essa é uma história que ficou marcada nas areias da praia e devia ser explorada como uma atração”.

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