Um satélite capaz de capturar imagens de radar de alta resolução de qualquer lugar do mundo, seja dia ou seja noite, e até através de paredes foi lançado há poucos meses por uma empresa chamada Capella Space, sediada nos Estados Unidos – o que já é bastante impressionante.
Entretanto, nesta quarta-feira (16), a companhia passou a disponibilizar uma plataforma que permite a clientes governamentais ou privados solicitarem quaisquer informações desejadas, e as possibilidades tendem a se expandir ainda mais com a previsão de que seis novos equipamentos entrem em operação em 2021. Privacidade? Se já era escassa, vai diminuir ainda mais.
Payam Banazadeh, CEO da companhia, defende que a ação suprirá carências de diversos cientistas e agências quanto ao monitoramento de regiões do planeta. “Há uma série de lacunas na forma como observamos a Terra do espaço, pois a maioria dos sensores que utilizamos são de imagem óptica”, explica o executivo.
“Se estiver nublado, você verá as nuvens, não o que está acontecendo sob elas. Se não houver muita luz, você vai ter muita dificuldade para conseguir uma imagem que seja útil”, exemplifica.
Com a capacidade dos dispositivos da Capella, que transmitem um poderoso sinal de rádio de 9,65 GHz em direção ao alvo e, em seguida, coletam e interpretam os dados conforme eles retornam à órbita, tais problemas serão coisa do passado, uma vez funcionam de maneira semelhante à forma como morcegos e golfinhos se orientam, com geolocalização.
“Nessa frequência, as nuvens são bastante transparentes”, conta Banazadeh ao Futurism. “Você pode penetrar em nevoeiros, em umidade, em fumaça, em neblina… Essas coisas não importam mais.”
Nos mínimos detalhes
Apesar de não ter inventado a tecnologia, Capella é a primeira empresa norte-americana a oferecê-la comercialmente, assim como pioneira mundial na disponibilização de uma plataforma dedicada a clientes (um diferencial e tanto, de acordo com o também ex-engenheiro de sistema do Jet Propulsion Laboratory, da NASA, já que dispensa o envio de e-mails e faxes para a solicitação de imagens).
Outra inovação, ressalta Banazadeh, é a resolução com a qual os satélites da Capella podem coletar imagens: cada pixel representa uma área de 50 cm2, em vez das características referentes às capturas de outras soluções disponíveis no mercado, 5 m2.
Confira um exemplo abaixo, que, compactado, não faz jus a seu formato original – no qual é possível visualizar inclusive quartos individuais, segundo o CEO. Ele espera que os resultados fiquem ainda melhores com novos satélites em órbita.
“Meus olhos!”
Monitoramento de atividades em áreas de conflito, aeroportos, desmatamentos e cadeias de abastecimento são apenas algumas das aplicações em potencial. Com dois equipamentos, imagens de alvos em três dimensões não estão descartadas, exibindo, também, diferenças mínimas de altura.
“Estamos tornando muito mais fácil para pessoas com todos os tipos de experiência interagirem com uma empresa como a nossa, e isso inevitavelmente trará mais usuários que antes não podiam acessar esse mercado”, disse Banazadeh. “Essa é a nossa esperança.”
Portanto, pode ser que você nem precise mais ir à janela de sua casa após o banho para ser considerado o “vizinho pelado”. Satélites da Capella pouparão seu esforço.