Um casal replantou uma floresta inteira depois de saber que todas as árvores de uma área protegida haviam sido derrubadas e que a vida silvestre daquele local estava desaparecendo, comprometendo a subsistência de 500 espécies de animais.
O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado voltou para sua casa, em Minas Gerais, em 1994, esperando ver a floresta tropical que conhecia desde a infância.
No entanto, foi recebido por uma visão terrível: a flora que conhecia e amava havia sido destruída completamente, restando apenas 0,5% da terra coberta de árvores.
De acordo com informações do jornal britânico The Guardian, Sebastião disse em um evento com líderes religiosos que discutiam as mudanças climáticas que ele havia acabado de retornar de uma missão traumática, em que testemunhou como fotógrafo o genocídio de Ruanda, que ceifou a vida de quase um milhão de pessoas.
Na cúpula religiosa, ele disse: “A terra estava tão doente quanto eu – tudo foi destruído. Apenas 0,5% da terra estava coberta de árvores. Então eu e minha esposa tivemos a ideia desafiadora de replantar a floresta. E quando começamos a fazer isso, aos poucos, todos os insetos, pássaros e peixes retornaram; graças ao aumento do número de árvores, eu também renasci como pessoa.”
Salgado e sua família criaram o Instituto Terra pouco depois e, desde então, plantaram mais de duas milhões de árvores em duas décadas, transformando o meio ambiente e abrigando mais de 500 espécies ameaçadas de extinção, segundo o portal Science Insanity.
A primeira semente foi plantada em dezembro de 1999; o casal contratou cerca de 24 trabalhadores no início para ajudarem no processo de plantio e reflorestamento, mas, à medida em que a notícia repercutiu na região, dezenas de voluntários se ofereceram para ajudar sem cobrar nada. Trabalhando dia e noite, o grupo desenraizou ervas daninhas invasoras e plantou milhares de novas mudas todos os dias.
Com o passar dos anos, centenas de milhares de árvores tropicais nativas da região começaram a florescer. Além disso, o casal recebeu a doação de 100 mil mudas de árvore que deram origem a uma floresta densa.
A floresta de Sebastião resultou no aumento pluvial da região, além de um clima ligeiramente mais frio, trazendo uma mudança singela e desejável no clima.
Ao término da missão de reflorestar a área, o fotógrafo diz ter encontrado uma inspiração criativa e eterna para o seu trabalho. “As florestas são essenciais. Precisamos de árvores nativas para coletarmos os frutos que utilizamos para nos alimentar, assim como os herbívoros. Sem os frutos, não há herbívoros, e assim, não há carnívoros. Sem elas, não há ciclo da vida.”
“Precisamos ouvir o que os nativos falam sobre a mãe terra. Extraímos muito da natureza, e precisamos devolver isso de alguma forma. A mãe terra necessita de algum tipo de retorno espiritual. Temo que seremos comprometidos se não olharmos com mais amor para a natureza.”
A área replantada por Sebastião e sua família conta atualmente com 293 espécies de árvores, tendo rejuvenescido uma área equivalente a 1.500 acres de floresta tropical.
Via Portal do Animal