Ameba “devoradora de cérebro” avança nos EUA por causa da crise do clima
Ciência

Ameba “devoradora de cérebro” avança nos EUA por causa da crise do clima

Ameba “devoradora de cérebro” avança nos EUA por causa da crise do clima

A Naegleria fowleri é uma ameba que gosta de locais banhados por água doce e quente, como lagos, rios e o cérebro humano. Sempre se acreditou que a doença se restringisse ao sul dos EUA, mas um levantamento feito por pesquisadores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) revelou que, se o número de casos permaneceu estável, a área onde as infecções surgem está aumentando.

Segundo os pesquisadores, a expansão da área de atuação da N. fowleri pode ser causada pelo aumento da temperatura provocado pelas mudanças climáticas. “É possível que o calor e o consequente aumento no uso recreativo da água, como esportes aquáticos, possam contribuir para a mudança da epidemiologia da doença”, escreveram os autores.

Os casos levantados, compreendidos entre 1978 e 2018, permaneceram estáveis, mas começaram a avançar além da região onde historicamente ocorrem. Se a maioria dos registros (74 entre 85) ocorreu nos estados do sul, seis surgiram no meio oeste; destes, cinco depois de 2010.

Devastadora e fatal
Para entender o padrão de disseminação da ameba (a única do gênero que infecta seres humanos), foi usado um modelo preditivo de casos de meningoencefalite amebiana primária (MAP) a cada ano. Os pesquisadores descobriram que a latitude máxima avançou 13,3 quilômetros para o norte a cada ano, durante o período de estudo.

A comprovação de que o clima foi um fator decisivo veio com a análise dos dados meteorológicos perto da data em que cada caso ocorreu: em média, as temperaturas diárias nas duas semanas anteriores eram maiores do que a média histórica para cada região.

A meningoencefalite amebiana primária é uma infecção devastadora e quase sempre fatal. A Naegleria fowleri, presente na água contaminada, entra no corpo pelo nariz e migra para o cérebro através dos nervos olfativos, destruindo o tecido cerebral. Segundo o CDC, engolir água contaminada é inócuo.

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