A camada de ozônio sobre a Antártida está “se recuperando” dos danos causados pela poluição e pelo aquecimento global e agora espalha seus ventos pelo mundo.
Ainda não podemos cantar vitória, mas estes resultado de um estudo publicado na Nature são animadores
Os cientistas envolvidos neste estudo descobriram que os sinais de que a camada de ozônio estava se recuperando ecoavam pela primeira vez no clima, por isso resta intensificar a pesquisa sobre o comportamento do meio ambiente para estabelecer teorias que contribuem para sua melhoria.
Usando dados de observações de satélite e simulações meteorológicas, os membros da Universidade do Colorado Boulder modelaram os padrões de mudança de vento relacionados na recuperação da camada de ozônio.
Esse fato foi possível graças ao fato de que desde 1987 foram adotadas medidas para reduzir a produção de substâncias destruidoras da camada de ozônio e agora elas afetam o resto do planeta.
Quais são os efeitos da recuperação da camada de ozônio?
Principalmente haverá precipitação e mudanças na temperatura atmosférica, bem como mudanças na temperatura do oceano e na concentração de sal.
Embora não se espere uma recuperação completa do ozônio devido à longa vida útil dos produtos que o danificam, esta notícia representa um novo fôlego para a luta climática.
Segundo especialistas, a camada de ozônio se recuperará em velocidades diferentes em diferentes partes da atmosfera e deverá retornar aos níveis que tinha em 1980 até 2030.
Em tempos de pandemia sem fim à vista não é fácil encontrar motivos de alívio em relação ao futuro, mas este estudo publicado pela prestigiada revista científica Nature dá uma grande ajuda.
O que a investigação sugere é que o Protocolo de Montreal – o acordo de 1987 para parar de produzir substâncias destruidoras da camada de ozono – foi bem-sucedido e está a conseguir reverter algumas mudanças preocupantes nas correntes de ar no hemisfério sul.
Ou seja, em redor dos polos do nosso planeta, e a uma altitude elevada, existem correntes de ar rápidas conhecidas como correntes de jato. Antes da mudança do século, o buraco na camada de ozono estava a conduzir essa corrente de jato mais a sul do que o normal. Isso acabou por provocar uma mudança de padrões na precipitação e, como isso, nas correntes oceânicas.
E de repente tudo mudou…
A questão é que, pouco mais de uma década depois da assinatura daquele protocolo, essa migração subitamente parou. Mera coincidência? A investigação agora publicada demostra que esta pausa naquele movimento não foi motivada apenas pelas naturais mudanças dos ventos. Muito pelo contrário: só uma alteração na camada de ozono poderia explicar por que razão o fluxo daquela corrente de jato parou subitamente. Ou seja, o impacto desejado pelo Protocolo de Montreal parece ter surtido efeito – e, pela primeira vez, estas são realmente boas notícias.
Na Austrália, por exemplo, onde havia um risco imenso de seco, depois dessa alteração na corrente ter empurrado a chuva para longe das áreas costeiras, agora essa chuva poderá voltar.
“As correntes que trazem o ar frio na direção do polo Sul têm vindo a reduzir e é por isso que o sul da Austrália sentiu uma queda enorme na pluviosidade nos últimos 30 anos”, comentou já Ian Rae, químico orgânico da Universidade de Melbourne. “Se a camada de ozono está a recuperar e a circulação de ar a voltar mais para norte, são boas notícias em duas frentes.”
Já no ano passado, o buraco na camada de ozono na Antártida atingira o seu menor pico desde 1982, mas ainda há muito caminho a fazer. Afinal, nos últimos anos, houve um aumento de produtos químicos, que destroem essa mesma camada de ozono.