Natureza

Boto da Amazônia entra na lista de espécies ameaçadas

Com adição do tucuxi à Lista Vermelha elaborada por organização internacional, todas as espécies de golfinhos de água doce agora correm perigo. Outros 31 animais foram extintos. Situação do bisão-europeu melhorou.

Boto tucuxi nada em rio
Boto tucuxi vive na bacia do rio Amazonas

O boto tucuxi, que vive na bacia do rio Amazonas, foi incluído na lista de espécies em perigo de extinção, segundo atualização divulgada nesta quinta-feira (10/12). Isso significa que todas as quatro espécies de golfinhos de água doce conhecidas no mundo estão agora ameaçadas.

A chamada Lista Vermelha é elaborada e atualizada periodicamente pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), sendo um guia amplamente utilizado na preservação do meio ambiente em todo o mundo.

A organização alerta que o tucuxi tem sido muito afetado pela mortalidade acidental provocada por equipamentos de pesca, por barragens construídas em rios e também pela poluição.

Diante da situação de perigo que agora enfrentam todos os botos de água doce, a IUCN pede que se eliminem as chamadas redes de emalhar utilizadas na pesca, que se reduza o número de presas no habitat desses animais e que se cumpra a proibição de matá-los intencionalmente.

Ao todo, mais de um quarto das 128.918 espécies de animais, plantas e fungos avaliadas pela organização estão agora ameaçadas de extinção. Isso representa um total de 35.765 espécies em perigo.

Além disso, 31 espécies entraram na categoria de extintas. Elas incluem o chamado “tubarão perdido”, do mar da China Meridional, 17 espécies de peixes de água doce do lago Lanao, nas Filipinas, e rãs da América Central e da América do Sul.

“Isso realmente mostra que o mundo está sob enorme pressão”, disse Craig Hilton-Taylor, chefe da Unidade da Lista Vermelha, à agência de notícias Reuters. “A ideia da Lista Vermelha é tentar chamar atenção para espécies e tentar impedi-las de serem extintas, mas às vezes o processo ocorre muito rapidamente.”

O “tubarão perdido” só foi formalmente identificado no ano passado, com base em espécimes de décadas de idade. Mas nenhum animal da espécie foi visto recentemente, e ele também não apareceu em nenhum dos cinco estudos direcionados, levando a IUCN a listá-lo como “em perigo crítico (possivelmente extinto)”.

Os tubarões têm se mostrado historicamente robustos, tendo sobrevivido no planeta por centenas de milhões de anos, mesmo após eventos de extinção em massa, como a queda de um asteroide que se acredita ter exterminado a maioria dos dinossauros.

Especialistas acreditam que esta pode ser a primeira extinção de um tubarão na era humana. “Infelizmente o que torna uma espécie uma grande sobrevivente no mundo natural não significa torná-la grande sobrevivente ao homem”, afirmou o ictiólogo Will White, que nomeou o animal de “tubarão perdido” em 2019.

Já o declínio das populações de rãs na América Central e do Sul foi descrito como “drástico” pela IUCN. O grupo aponta como causa uma doença provocada por um fungo que atinge os anfíbios, que os cientistas associam às mudanças climáticas.

Dois bisões-europeus
População selvagem de bisões-europeus aumentou consideravelmente

Notícia boa
Por outro lado, a IUCN celebra alguns desenvolvimentos positivos, como a situação do bisão-europeu, que melhorou graças aos esforços de conservação voltados à espécie, sendo agora alçada à categoria de “vulnerável”. A população selvagem desses animais aumentou de 1.800 espécimes em 2003 para mais de 6.200 em 2019.

Os bisões foram dizimados por exércitos famintos durante a Primeira Guerra Mundial no território onde fica hoje a Polônia e Belarus, que contêm grande parte das populações da espécie. O animal acabou desaparecendo da natureza logo em seguida, antes de ser reintroduzido.

Outra história positiva é a do peixe conhecido como barndoor skate, semelhante a uma arraia, que saltou três categorias, de “em perigo de extinção” para “pouca preocupação”.

“O fato de o bisão-europeu e 25 outras espécies terem registrado uma recuperação mostra o poder que tem a conservação”, disse o diretor-geral da IUCN, Bruno Oberle.

“Contudo, a lista de espécies extintas está crescendo, e isso é um claro lembrete de que os esforços de conservação precisam ser expandidos com urgência”, alertou.

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